terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Hermanos em Caruaru? Há 50 anos Central vencia a seleção argentina

No dia 6 de fevereiro de 1968, Patativa bateu o time argentino de novos por 2 a 1, no então estádio Pedro Victor de Albuquerque. GE resgatou a história do primeiro amistoso internacional do clube



Estação ferroviária cheia para a chegada do adversário, torcida alvinegra em festa e a cidade ansiosa. É assim que o zagueiro Jucélio define o dia 6 de fevereiro de 1968 em Caruaru. A data marcou o primeiro jogo internacional do Central e do interior de Pernambuco.
O adversário da partida era a seleção argentina de novos, que estava finalizando um tour pelo estado após vencer o Santa Cruz e ser derrotada por Náutico e Sport. Aproximadamente 15 mil pessoas acompanharam a vitória do Central por 2 a 1, no então estádio Pedro Victor de Albuquerque, que só passou a se chamar Luiz José de Lacerda (Lacerdão) no dia 19 de outubro de 1980, em outro amistoso internacional, contra a Nigéria.
Os gols da partida foram marcados por Esquerdinha e Toínho, para a Patativa, e Miguel Ángel Micó, para os hermanos. Este último atuou e foi técnico do Racing Club, coordenador de base de Lanús, Ferro e Racing, e atualmente comanda a seleção argentina sub-17.
Um dos únicos remanescentes do time alvinegro, o zagueiro Jucélio, de 79 anos, guarda com carinho a fotografia do jogo e relembra como foi a histórica partida.
- O time argentino era muito habilidoso e o autor do gol [Micó] era um craque de bola. O estádio ficou cheio demais, muita gente foi apoiar o nosso time. A nossa equipe também era boa. Depois, cinco jogadores foram representar a seleção de Pernambuco - comenta o defensor e capitão da Patativa no duelo.

O zagueiro, conhecido no grupo como "Capitão", recorda que boa parte daquele time foi negociado, mas ele não teve oportunidade de seguir carreira em outro clube.
- O time fazia frente aos da capital. Fernando Silva foi para o Santa Cruz, Zito para o Sport, Esquerdinha foi jogar em São Paulo... Quase todo mundo conseguiu um grande clube para atuar, mas não fui liberado pela diretoria.
Além do defensor, quem também estava no Pedro Victor naquela noite era o aposentado Dorgival Francisco de Melo, de 75 anos. O centralista - como eram chamados os torcedores do Central na época - relata a alegria da torcida depois do triunfo.
- Quando terminou o jogo saiu todo mundo pra rua da matriz. Que emoção! Ainda hoje eu comemoro. Eu vi o Central dar um baile na seleção da argentina, era a dos novos, a segunda seleção. Eu tava lá vendo tudo isso – relata emocionado.

O Central entrou naquela partida no esquema 4-4-2 e a escalação foi composta por: Dida; Edmilson, Fernando Silva, Jucélio e Eraldo; Zito, Paulo Roberto, Joãozinho e Esquerdinha; Toínho e Fernando Lima. O técnico era o paraibano Álvaro Barbosa.

Amistosos internacionais do Central
1968Central 2 x 1 Argentina de Novos
1980Central 3 x 1 Nigéria
2000Central 1 x 1 Estrela da Amadora-POR
2001Central 3 x 1 Rio Ave-POR
2017Central 4 x 0 Las Vegas United-EUA
Jucélio Ferreira Gomes atuou profissionalmente por 10 anos, entre 1962 e 1972, e o Central Sport Club foi o único time que ele defendeu em toda carreira. Além de ter sido fiel à Patativa, Jucélio marcou o nome no clube por outro feito: nunca ter recebido um cartão.
- Eu não dava pancada em ninguém, sempre me antecipava aos atacantes. Não levei nenhum cartão, nunca fui expulso. Todos os zagueiros batiam muito, mas eu era diferente.
Em 16 de dezembro de 1993, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reconheceu o fair play do "Capitão" e concedeu o prêmio Belfort Duarte. A tradicional honraria era dada a jogadores de futebol que ficavam 200 partidas ou 10 anos sem receber um cartão vermelho.

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