quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Leva vantagem? Consultora do COI não acredita em reviravolta do caso Tifanny

Americana líder em pesquisas sobre trans no esporte e consultora do Comitê Internacional diz: "É extremamente improvável que o COI faça qualquer mudança que impeça Tifanny de jogar"


Tifanny Abreu voltou aos holofotes da Superliga Feminina de Vôlei na última terça-feira. A jogadora do Bauru anotou 39 pontos na partida contra o líder Praia Clube, um novo recorde de acertos em uma única partida na competição, apesar da derrota por 3 sets a 2. Ainda no clima do Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado na última segunda, a oposta mais uma vez tornou visível a participação de atletas transgêneros em esportes de alto rendimento.

Ao mesmo tempo que inspira pessoas - trans ou não - por seu papel pioneiro de quebrar barreiras, Tifanny também incita - mesmo sem querer - a indignação de pessoas que consideram que a oposta leva uma vantagem injusta por ter tido seu desenvolvimento corporal sob influência de hormônios masculinos, mesmo que hoje seus níveis de testosterona sejam inferiores aos de outras mulheres.

Há argumentos prós e contra a participação da jogadora no vôlei feminino. Tifanny, em todo caso, tem o respaldo do Comitê Olímpico Internacional (COI) por cumprir os requisitos estabelecidos em novembro de 2015. A entidade pede que mulheres trans se declarem do gênero feminino (reconhecimento civil) e tenham nível de testosterona inferior a 10 nmol/L por pelo menos 12 meses antes da estreia em competições femininas. Tifanny nasceu Rodrigo e jogou em competições masculinas de vôlei até os 29 anos, quando iniciou a transição de gênero. Aos 31 anos, começou a jogar em ligas femininas na Itália, já dentro dos padrões recomendados pelo COI. Hoje ela tem 33 anos. Seu corpo mudou com o tratamento hormonal, mas ainda não há estudos que quantifiquem o tamanho dessa mudança em parâmetros internacionais, o quanto crescer sob efeito da testosterona dá uma vantagem pregressa à jogadora. Seria essa vantagem uma injustiça?

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