terça-feira, 15 de maio de 2018

Tite mantém revezamento e elege Gabriel Jesus como próximo capitão da Seleção

Em entrevista ao Jornal Nacional, técnico da Seleção analisa a convocação da Copa do Mundo


Horas depois de divulgar a lista mais importante da sua carreira como técnico, Tite visitou o estúdio do Jornal Nacional nesta segunda-feira. E adiantou: o atacante Gabriel Jesus, de apenas 21 anos, será o próximo capitão da Seleção no amistoso contra a Croácia, dia 3 de junho, o penúltimo antes da estreia na Copa do Mundo.

"Vai continuar o revezamento, e nesse revezamento posso antecipar, o Gabriel Jesus vai ser o próximo", revelou o treinador.


Dos titulares, o atacante do Manchester City era o único que não havia jogado como capitão no time de Tite. Em 20 jogos até aqui, Tite elegeu 15 capitães diferentes. Daniel Alves é o jogador que mais vezes teve a responsabilidade, em quatro jogos. Gabriel Jesus tem 15 jogos e nove gols com a camisa da seleção brasileira, todos sob o comando de Tite.

Ao ser questionado se Neymar também poderia ser capitão nos futuros jogos da Seleção e o que espera do craque, Tite ressaltou que o jogador do PSG também tem perfil para o posto por entender que o jogo coletivo se sobressai nesta equipe.

– Neymar é extraclasse. É diferente. É top-3. Tem a capacidade do imprevisível, do lúdico, do drible, da finta. Pego o gol contra o Uruguai, ele sai na cara do gol e ele tem solução criativa, que só os diferentes têm. Ele tem noção exata que é uma equipe e que há uma responsabilidade por trás. Tal qual foi contra a Alemanha, tal qual foi contra a Rússia, em que o conjunto forte potencializa a individualidade, seja para ele, seja para os demais.


CONFIRA OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA:

Expectativa antes da divulgação da lista
– Não, não consigo dormir, não. A expectativa é alta, eu sou ser humano, não sou super-homem. Cria-se toda uma expectativa, estava vendo a expectativa dos atletas, um sonho, a responsabilidade que tenho.

Dúvidas para elaborar a lista
– Foram muitas dúvidas. Às vezes a decisão de um atleta ser convocado depende do modelo, da forma da equipe atuar, daquilo que eu acredito, daquilo que a comissão técnica acredita. Por vezes é o momento técnico dele, solidez durante a campanha jogando em alto nível. Momento de Copa do Mundo é o máximo, mentalmente tem que estar muito forte, e essa solidez no aspecto físico, técnico e tático tem que estar associada.

Escalação da estreia está definida?

– Não dá, vou dizer por quê. Primeiro por uma questão de critério e lealdade para passar para eles e depois passar para a mídia. Mas aquela base, e o torcedor já sabe, ele tem coerência, a coerência do desempenho, de jogar bem, o que eu bato muito. E eu desafio o atleta. Controle de resultado não se tem. Mas do trabalho, da excelência, isso vou buscar.

"A base da equipe já tenho, o goleiro está encaminhado, temos com Ederson e com o Cássio muito bem. Eu vou fugir... A escalação não dá para dar"

Situação política da CBF interfere no desempenho? 
– O grande marco e a grande relação de união que o esporte se dá é com educação. Ela estabelece princípios que são importantes, da qualidade, não do jeitinho, mas do ser mais competente e ser melhor, de vencer e ser leal. Série de atributos que estão ligados. A parte política, não sou ingênuo, sei que acontece, mas quero deixar ela à margem, quero deixar com foco naquilo que posso fazer melhor. Tenho conseguido.

Medo no início
– Bateu. A primeira reação após a possibilidade da conversa para vir ou não para a Seleção foi de que estava realizando um sonho, pensando até de uma forma egoísta, mas é ambição da nossa profissão. Não é pecado ser técnico e pleitear ir para a Seleçaõ. Quando saí da CBF, eu pensei ‘poxa, mas um terço do trabalho já passou, e se você não se classificar?’. Bateu medo, minha esposa, a Rose, me olhava e falava ‘não estou conseguindo te ler!’. Não está conseguindo porque eu não sei. Só decidi depois. É oportunidade ímpar que está passando. Mas foi difícil.

Qual será o legado desta Seleção?
– Não sei se para o Brasil, para o mundo, mas para garotada. Talvez por ser professor, ser pai, saber que você pode competir forte e ser leal. Dá para você ser melhor que o adversário sendo mais competente. Dá para vencer o adversário enfrentando e olhando e sendo mentalmente forte. Com preceitos de educação sem ser bonzinho. Dá para vencer merecendo e tendo desempenho em campo. Isso se passa para o garoto.

Promete o título?

– Eu não posso prometer o título, sei que tanto pedem. Mas que esse compromisso de desafiar os atletas, exemplo de conduta, ter essa competitividade saber jogar com alegria, satisfação, equilíbrio entre futebol e beleza, com senso de competitividade para buscar resultado final. Tomara que a gente seja competente para alegrar a todos.

"Desempenho, sim (pode prometer), mas resultado não tenho condições de assegurar".


Nenhum comentário: