sexta-feira, 29 de junho de 2018

Solidariedade salva "fenômeno" Gabriel Jesus, adorado mesmo sem gols na Copa

Em branco na primeira fase, atacante chama atenção por outros números muito valorizados pelos companheiros e pelo técnico Tite
Gabriel Jesus quer gols. Precisa de gols. Passar a fase de grupos da Copa do Mundo em branco o levou a um momento de solidão e reflexão depois do apito final da vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia. Com a camisa 9, de artilheiro, cobrindo o rosto. Seu reserva, Roberto Firmino, vem de temporada irrepreensível no Liverpool e já há quem chame de teimosia a insistência de Tite.

Mas não é só o técnico quem banca Jesus. Os companheiros adoram jogar com ele.

Por que um camisa 9 é tão valorizado mesmo sem gols?


Alguns dados ajudam a explicar. Gabriel Jesus foi o brasileiro que percorreu maior distância no terceiro jogo da equipe: 10,26 quilômetros. Isso é raríssimo para um centroavante. Normalmente, eles estão entre os que menos correm e menos tocam na bola, mas o garoto estendeu seu raio de ação para colaborar defensivamente. E isso encanta.

Brasileiros que percorreram maior distância contra a Sérvia (em quilômetros):
Gabriel Jesus: 10,26
Casemiro: 10,20
Willian: 10
Neymar e Fagner: 9,71
Filipe Luís: 9,70
Torcedores certamente dirão que “atacante precisa fazer gols, não marcar”. Meia verdade. Na equipe de Tite, ele precisa, sim, de gols, mas o “trabalho sujo” é muito valorizado. Desde os tempos de Corinthians, a marcação compacta, com todos os jogadores em linhas muito próximas, caracteriza as atividades defensivas comandadas por essa comissão técnica.

Gabriel Jesus participa tanto que é chamado de “fenômeno” por companheiros de leitura tática mais apurada, como o meia Renato Augusto, por exemplo.

No Brasil, Neymar não é um jogador que recompõe a marcação durante 90 minutos. A compensação dada pelo centroavante quando o camisa 10 poupa energia à frente também é valiosa. Contra a Sérvia, o mapa de calor de Gabriel Jesus é outro documento raro para um jogador de sua posição, pois aponta sua presença até no campo de defesa.
A leitura é que um jogador dessa posição, que depende de gols, números e estatísticas, não costuma ser tão solidário. E que Gabriel Jesus, mesmo pressionado por ainda não ter feito o seu na Copa do Mundo, ainda assim coloca a participação coletiva em primeiro lugar.

Isso vai bastar para que ele permaneça na equipe? É provável que para o próximo jogo, sim. Tite aproveita brechas para afagar aqueles que estão fora, como na coletiva de quarta-feira, em que aproveitou a pergunta sobre a seca de seu titular para tecer elogios a Firmino.

E enquanto os gols não saem, a entrega de Jesus o mantém na equipe.

Os jogadores da Seleção tiveram folga na última quinta-feira, e voltam aos treinos nesta sexta, às 11h (de Brasília), em Sochi. O jogo das oitavas de final, contra o México, será na segunda, também às 11h, na cidade de Samara.

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