domingo, 15 de julho de 2018

O que mais corre, mais passa e mais pensa: como Modric levou a Croácia até a final

Camisa 10 do Real Madrid lidera sua seleção em quase todas as estatísticas no Mundial
Fazia um calor daqueles em Sochi, a umidade do ar era quase palpável e a Croácia vencia a Rússia por 2 a 1 pelas quartas de final da Copa do Mundo. Luka Modric disparou quase do círculo central para pressionar a saída de bola da Rússia. Em três segundos, evitou o passe que Kudryachov tentava dar a partir da meia-lua. Após a dividida, a bola foi parar na bandeirinha de escanteio, para onde Modric seguiu correndo. Mais cinco segundos e o camisa 10 tinha a bola sob seu controle, no campo de ataque da Croácia. Tudo isso aos 32 anos, no segundo tempo da prorrogação, depois de 107 minutos de futebol, num jogo com 100% da torcida contra.

Se a Croácia vai enfrentar a França neste domingo na final da Copa do Mundo, é porque deve muito a Modric – que faz bem mais do que atrapalhar a saída de bola do adversário. O meia do Real Madrid é o jogador de linha que mais minutos ficou em campo na Copa do Mundo (643 minutos – uma absurda média de 107 minutos por jogo). É o jogador que mais correu em todo o Mundial, 63 quilômetros. É o que mais acertou lançamentos longos e passes decisivos, é quem faz o time jogar.

Melhor do que empilhar estatísticas é ler o que Jorge Valdano escreveu sobre Modric no jornal inglês "The Guardian" nesta semana. Campeão do mundo em 1986, autor de gol na final contra a Alemanha, o argentino foi diretor e técnico do Real Madrid.

- Ele não faz coisas impossíveis [...] Mas ele faz coisas que só ele é capaz de fazer. Quando a bola passa por seus pés, ele faz o jogo fluir como se fosse a coisa mais simples do mundo. Não se trata de acrescentar intensidade ou perigo a uma jogada, se trata de acrescentar bom senso, clareza, precisão.
O técnico croata Zlatko Dalic conseguiu acertar no ponto em que vários outros treinadores fracassaram na Copa do Mundo: fez seu melhor jogador ser o que mais toca na bola, o que mais participa do jogo, o que consequentemente mais desequilibra partidas a seu favor. Entre todos os finalistas da Copa, Modric é o que mais recebeu passes – 48 a cada 90 minutos, contra 41 de Kanté, o francês que lidera essa estátistica.

Quando a Croácia derrotou a Inglaterra na semifinal, o fator mais citado pelo inglês Gareth Southgate foi a experiência dos croatas em grandes jogos por seus clubes. Era uma referência direta a Modric, que disputou (e venceu) quatro finais de Liga dos Campeões pelo Real Madrid.

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