Ele tem 32 anos, é pai de dois filhos e também é goleiro do Decisão, clube que disputa a segunda divisão do Campeonato Pernambucano
O sonho de muitos garotos é se tornar um jogador de futebol, ser famoso e jogar fora do país. Mas a realidade além da elite do esporte é diferente, é preciso suar bastante para conseguir se manter empregado no futebol e, às vezes, é preciso trabalhar em outra profissão ao mesmo tempo. É o caso de Valdicleiton José da Silva, ou Keu.
Ele tem 32 anos, é pai de dois filhos e também é goleiro do Decisão, clube da cidade de Bonito, que disputa a segunda divisão do Campeonato Pernambucano. Mas há dez anos Keu também é segurança. Ele trabalha no Colégio Municipal Paulo Viana de Queiroz, que tem 33 turmas para ficar de olho. A rotina do goleiro é essa: faz a segurança dos alunos das 18h às 6h e depois corre para defender o gol do Decisão.
- Tem que ter dedicação, foco e muita atenção com eles o dia todo. Os alunos são muito danados. Não pode cochilar com essa criançada, tem que ficar sempre alerta. A criançada dá mais trabalho que o atacante, são vários no pé - disse o goleiro.
A carreira de Keu sempre foi de muita luta, tanto que ele só conseguiu uma oportunidade no futebol profissional já com idade de veterano. A idade que para muitos pode significar um fim, para o goleiro foi o recomeço.
- Fiz uma peneira ano passado para arriscar, eu estava preparado e deu tudo certo. Comecei o trabalho e fui evoluindo a cada dia. Me deram a oportunidade de me profissionalizar. É um sonho de criança e eu nunca desisti. Sempre foquei, para ser jogador é difícil. Nunca desisti e estou batalhando, buscando. As oportunidades para mim foram poucas. Jogo sempre campeonatos amadores, de várzea, já rodei em muitos times da região - afirmou Keu.
"Se eu tivesse oportunidade de viver só de futebol, eu deixaria meu emprego, não pensaria duas vezes. Eu tenho família, dois filhos, não posso deixar tudo agora", conta Keu.
O preparador físico do Decisão, Deivison Combé, reconhece o talento de Keu e acredita que ele está sendo recompensado pelo esforço. O arqueiro espera uma chance para atuar no Decisão.
- É um atleta dedicado, um talento bruto da região e está aqui desde o ano passado. É uma satisfação tê-lo no grupo. Ele só batia pelada, só jogava futebol amador e agora está com o time profissional, é uma satisfação.
Keu ainda não consegue viver só de futebol, não é uma profissão estável e nem sempre tem calendário para jogar. O Decisão briga para subir para a elite do futebol pernambucano, objetivo que a equipe chegou perto de conquistar em 2017, quando perdeu a final (em Pernambuco só o campeão consegue subir de divisão). Mesmo com a incerteza do acesso do time e de mais jogos para disputar, Keu segue com a esperança de viver só de futebol.
- Faz 10 anos que sou segurança, é o meu ganha pão. Corro atrás dele sem deixar o futebol. Se eu tivesse oportunidade de viver só de futebol, eu deixaria meu emprego, não pensaria duas vezes. Eu tenho família, dois filhos, não posso deixar tudo agora. Minha família me apoia. Tento buscar meu sonho e se algum clube se interessar, eu vou - relatou o atleta.
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