quinta-feira, 28 de junho de 2018

Análise: Seleção joga feito gente grande e faz estratégia funcionar contra sérvios

Time de Tite transforma estatura do adversário em problema; menores, jogadores brasileiros levam a melhor na velocidade mas, curiosamente, bola aérea sacramenta vitória e classificação
A o contrário dos outros dois estádios em que o Brasil jogou até aqui na Rússia, o do Spartak não tem uma tribuna de imprensa lá no ponto mais alto da arquibancada, mas bem atrás dos bancos de reservas. Dali, a talvez uns dez metros da linha lateral, deu para ver direitinho nesta quarta-feira a melhor atuação da Seleção na Copa do Mundo, a vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia.

Deu para comprovar de perto: os sérvios são realmente altos, tema que tinha norteado parte da entrevista de Tite na véspera do jogo decisivo. Entrevista em que o técnico disse (ou previu), com outras palavras, que esse ponto positivo do rival também poderia atrapalhá-lo.

– Com uma altura maior, vai perder alguma coisa. A vida é assim – falou, enquanto olhava sorridente à esquerda para o auxiliar Cléber Xavier, um dos responsáveis por dissecar os rivais.
Foi assim mesmo.


Os grandalhões sérvios levaram a melhor em muitas disputas pelo alto, mas perderam na velocidade. Se perderam nas trocas rápidas de passes e nos lançamentos seguidos de infiltrações pelas costas da defesa. Foi assim que o Brasil chegou na metade inicial do jogo. Gabriel Jesus e Paulinho, duas vezes, apareceram cara a cara com o goleiro. Na última delas, o volante o encobriu e abriu o placar.

Dali da tribuna, pertinho do campo, deu para ver Tite abraçar seu auxiliar e lhe dizer algo depois do gol. A impressão é de que o treinador festejava com seu braço-direito o sucesso de uma jogada estrategicamente pensada e repetida.



Até Mladen Krstajic, técnico da Sérvia, se rendeu:

– Nós temos jogadores altos, é verdade. Em algumas situações, tentamos jogadas ensaiadas, tentamos ser uma ameaça. Mas não é que o Brasil tenha jogadores baixos na defesa. O Brasil demonstrou disciplina.

Classificada, a seleção brasileira encara o México nas oitavas de final. O duelo será na próxima segunda-feira, em Samara.

Os primeiros minutos do segundo tempo foram os mais nervosos. A Sérvia se lançou em busca da virada e morou na área brasileira um bom tempo. Mas, de novo, a equipe de Tite teve comportamento maduro, de gente grande. "Soube sofrer", uma das expressões da moda.

O golpe final veio quando o Brasil já tinha de volta o controle do jogo, com o reforço de Fernandinho no meio. Curiosamente, um golpe aéreo, em cobrança de escanteio. Thiago Silva, zagueiro que não é dos mais altos – mede 1,83m –, saltou bem mais do que Milenkovic, de 1,95m, para meter a cabeça na bola e marcar o segundo gol.


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